Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde aponta que 10,5% das mulheres brasileiras consomem bebidas alcoólicas em excesso. Os dados, que foram obtidos por meio da VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mostram que os números de 2008 superam os registros dos anos anteriores, quando os indicadores não chegaram aos 9%.
As mudanças sociais que ocorreram na última década têm sido um dos motivos para o aumento do número de mulheres que sofrem com o problema do alcoolismo ou dependência química. Apesar da incidência do alcoolismo ser maior entre os homens, que atualmente representam 2/3 dos casos no país, o crescimento dos registros de abuso alcoólico pelo público feminino é preocupante. As mulheres desenvolvem problemas de saúde relacionados à bebida com mais facilidade do que as pessoas do sexo oposto, mesmo consumindo menores quantidades de álcool por um período de tempo mais curto.
O alcoolismo aumenta a predisposição para adquirir doenças como hepatite, cirrose, hipertensão, cardiopatias, pancreatite, câncer na boca, garganta, cordas vocais e esôfago, além disso as mulheres dependentes ficam mais suscetíveis ao câncer de mama e distúrbios emocionais.
O maior problema é que muitas mulheres não procuram ajuda. O motivo é que em nossa sociedade prevalece o mito de que o alcoolismo é sinônimo de fraqueza moral. Para a mulher, isso representa o comprometimento de seu papel como mãe e esposa. Por isso é tão difícil admitir que a ajuda é necessária, o que só faz piorar a situação.
Mas não só quem faz a ingestão excessiva do álcool corre riscos de saúde. Algumas crianças nascem com anormalidades físicas, mentais e comportamentais devido à dependência de suas mães durante a gravidez.
A autora do livro recém-lançado “Um passado que vive – Transmissão Familiar do Alcoolismo Feminino”, a pesquisadora e psicóloga brasileira Ana Beatriz Pedriali acompanhou 62 mulheres alcoólatras e não alcoólatras na sua tese de doutorado e concluiu que, além do fator genético, o comportamento e as relações familiares são determinantes para o vício. A psicóloga relatou que, entre as alcoólatras, pelo menos uma em cada cinco era filha de uma mulher também viciada em álcool. “Há uma transmissão do comportamento, da violência e dos conflitos. Ao há registro desse fenômeno em homens”, enfatizou.
Ana Beatriz mencionou ainda que a maioria das mulheres dependentes tinha uma relação conflituosa com mães e avós. “Elas reproduzem o mesmo comportamento com as filhas. São mulheres que aprendem a resolver problemas bebendo”, completou.
Tratamento adequado é fundamental para a recuperação
Para o tratamento da doença é necessário acompanhamento profissional em clínicas de recuperação. No Brasil, a grande maioria das clínicas é especializada no tratamento do público masculino e, quando diferente, mistura homens e mulheres no mesmo ambiente. Mas o tratamento fica comprometido, porque é preciso fazer um trabalho mais profundo, abordando questões relacionadas à vida pessoal e familiar, como casamento, filhos, conquistas e derrotas específicas das mulheres.
A deficiência nessa área já foi constatada e já existem algumas clínicas para o tratamento exclusivo de mulheres.
Como detectar a doença?
O alcoolismo, também conhecido como "síndrome da dependência do álcool", é uma doença caracterizada pelos seguintes elementos:
- -Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber;
- -Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou;
- -Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores, e ansiedade, quando se para de beber após ter passado um grande período bebendo;
- -Tolerância: a necessidade de aumentar a quantidade de álcool para sentir-se "alto".
Autor: Correioweb
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