O assassinato chocante do cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni no dia 12 reabriu o debate sobre violência e drogas no País. Ao longo da semana, as investigações trouxeram detalhes que deram contorno à tragédia: o assassino, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, era um rapaz de classe média. Tinha histórico de problemas mentais na família. E frequentara o templo Céu de Maria - onde Glauco ministrava o chá do santo-daime - para se livrar do vício em maconha e cocaína.
Historiador, professor da USP e fundador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos
Para Henrique Carneiro, professor de História da Universidade de São Paulo (USP) e fundador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (Neip), encontram-se no caso Glauco facetas distintas do fenômeno da droga. De um lado, seu uso ritualístico - recentemente autorizado no Brasil pelo governo federal. De outro, seu caráter compulsivo em uma sociedade marcada pelo consumismo.
Na entrevista abaixo, Carneiro, organizador, entre outros, de Drogas e Cultura: Novas Perspectivas (EDUFBA, 2008), defende que as substâncias psicoativas, sejam elas remédios, drogas lícitas ou ilícitas, sejam tratadas de igual maneira: "Todas legalizadas e submetidas a controle severo".
Como entender os significados distintos que têm a droga no mundo de hoje?
Em primeiro lugar, há um fenômeno contemporâneo de exacerbação do uso não apenas de drogas. É bom destacar: em relação à alimentação, o processo é análogo. Há um mal-estar da cultura contemporânea ligado ao fenômeno da publicidade, à difusão consumista de uma série de produtos, que faz com que drogas, remédios, comida, tudo aquilo que o corpo ingere tenha uma faceta compulsiva. Outro fenômeno é a espiritualização, digamos assim, de um certo consumo de drogas a partir da influência de tradições religiosas indígenas ou ligadas a uma mística oriental - uma herança da contracultura no pós-guerra. Ambas se encontram no caso Glauco.
Historiador, professor da USP e fundador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos
Para Henrique Carneiro, professor de História da Universidade de São Paulo (USP) e fundador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (Neip), encontram-se no caso Glauco facetas distintas do fenômeno da droga. De um lado, seu uso ritualístico - recentemente autorizado no Brasil pelo governo federal. De outro, seu caráter compulsivo em uma sociedade marcada pelo consumismo.
Na entrevista abaixo, Carneiro, organizador, entre outros, de Drogas e Cultura: Novas Perspectivas (EDUFBA, 2008), defende que as substâncias psicoativas, sejam elas remédios, drogas lícitas ou ilícitas, sejam tratadas de igual maneira: "Todas legalizadas e submetidas a controle severo".
Como entender os significados distintos que têm a droga no mundo de hoje?
Em primeiro lugar, há um fenômeno contemporâneo de exacerbação do uso não apenas de drogas. É bom destacar: em relação à alimentação, o processo é análogo. Há um mal-estar da cultura contemporânea ligado ao fenômeno da publicidade, à difusão consumista de uma série de produtos, que faz com que drogas, remédios, comida, tudo aquilo que o corpo ingere tenha uma faceta compulsiva. Outro fenômeno é a espiritualização, digamos assim, de um certo consumo de drogas a partir da influência de tradições religiosas indígenas ou ligadas a uma mística oriental - uma herança da contracultura no pós-guerra. Ambas se encontram no caso Glauco.
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