27 de setembro de 2018

“Vale a pena viver?”: no fundo, não há pergunta que se faça com maior angústia, e parece que todos são por ela assombrados de vez em quando.

FONTE; 
É para Deus que tudo converge. É Ele que tudo sustenta. É Ele que, no Amor, tudo atrai.”
Num mundo onde a vida está constantemente ameaçada, num contexto de tanta falta de sentido é preciso se re-encantar, é preciso amar, é preciso encontrar sentido na vida, cada vez mais!!! E este texto do companheiro Adroaldo nos ajuda sempre mais.
“Vale a pena viver?”: no fundo, não há pergunta que se faça com maior angústia, e parece que todos são por ela assombrados de vez em quando. Sabemos que a perda do sentido da vida é o maior dos traumas. A gravidade da pergunta se revela na gravidade da resposta. Alguém já afirmou: “Se você não perguntar o porquê das coisas, logo estarão perguntando o porquê de você”.
* Quem sou realmente nesta fase de minha vida?
* Quê é o que me dá energia para seguir adiante em meu compromisso?
* Para onde estão me levando meus talentos e minhas energias?
* Quais decisões dão um sentido mais profundo à minha vida?
* Para quê vivo? Para quem...?
Porque não é raro vermos pessoas mergulhadas nas profundezas da loucura ou optarem pelo abismo do suicídio por terem obtido uma resposta negativa. Outras pessoas se deixam matar por idéias ou ilusões que lhes dão razões para viver: boas razões para viver são também boas razões para morrer.
A metodologia dos EE surge como uma mediação de primeira grandeza na busca do sentido da vida. Lendo a Autobiografia de S. Inácio percebe-se claramente que, ao percorrer os passos de sua prolongada conversão, ele foi considerando sua própria odisséia, sua própria peregrinação, como busca de sentido para sua existência. É esclarecedor que tal busca se situe no contexto e no drama de toda uma cultura que também buscava o sentido.
De fato, Inácio viveu em um momento histórico marcado pela transição e incertezas (dúvidas filosóficas e religiosas fomentadas pelo Renascimento, guerras intermináveis, descobertas de novas civilizações e novos valores culturais, a Reforma protestante e ruptura da Igreja ocidental...). As pessoas se sentiam perdidas em um mundo que não lhes era familiar.
Inácio, filho do seu tempo e de sua cultura, pôs sua vida em movimento, buscando um sentido para a sua própria existência. A experiência junto ao Rio Cardoner (Aut. 30) lhe deu uma resposta direta a todas as interrogações que iam surgindo em sua vida. Tal visão lhe deu um instrumento pelo qual podia enfocar todas as “perguntas”, lhe deu uma metodologia. Apoiado em sua própria experiência, Inácio começou a construir uma pedagogia original.
Não queria ele responder as perguntas que outros lhe apresentavam. Ele simplesmente procurava capacitá-los para que pudessem viver no processo de uma constante busca de sentido; uma metodologia que lhes oferecia não uma garantia, mas uma esperança que movia cada pessoa em direção a um horizonte pleno de sentido.
Inácio insistiu que esta via tinha de ser contemplativa, que abre a pessoa a Deus, e que a leva a reconhecer a presença d’Ele na vida e na criação. O Deus dos Exercícios é o Deus interessado nas perguntas e na busca; Deus é a razão do sentido que as pessoas anseiam encontrar.
Nesta direção, os EE estão orientados na busca do sentido. Todos os desejos e motivações explícitas que levam as pessoas a buscarem os EE estão relacionados, inclusive enraizados, na busca do sentido. Buscar a Deus é buscar o “sentido”.
Os EE capacitam uma pessoa a descobrir o “sentido” precisamente porque facilitam-na ter uma experiência profunda de Deus. O “sentido da vida” deve ser buscado e encontrado dentro de cada um de nós. Sabemos que a matéria prima dos EE são os desejos despertados em nosso interior.
Os desejos brotam da insatisfação com a maneira como são as coisas, tanto em nós como em nosso mundo. Os desejos nos arrastam para frente, longe do “que é”, para o que “poderia ser”, longe do que “já é”, para o que “ainda não é”. A dinâmica do desejo está estreitamente ligada com nossa busca de sentido.
Portanto, o sentido da vida é algo que experimentamos visceralmente, sem que saibamos explicar ou justificar. Não é algo que se constrói, mas algo que nos ocorre de forma inesperada e não preparada, como uma brisa suave que nos atinge, sem que saibamos de onde vem nem para onde vai; é uma intensificação da vontade de viver a ponto de nos dar coragem para morrer por aquela causa que dá à vida o seu sentido.
É uma transformação de nossa visão de nós mesmos e do mundo, na qual as coisas se integram como uma melodia; isso nos faz sentir reconciliados com o universo ao nosso redor, possuídos por um sentimento oceânico, sensação inefável de eternidade e infinitude, de comunhão com algo que nos transcende, envolve e embala, como se fosse um útero materno de dimensões cósmicas.
Afirmar que a vida tem sentido é propor a fantástica hipótese de que o universo vibra com nossos sentimentos, canta com o nosso louvor, dança com nosso corpo, sorri com as crianças que brincam...
“Tudo está ligado”.
Surge uma convicção de que, por detrás das coisas visíveis, há um rosto invisível que sorri, presença amiga que acolhe, braços que abraçam...
Esta é a experiência de plenitude e êxtase presente, sobretudo, no Princípio e Fundamento e na Contemplação para alcançar amor, que nos faz mais densos e nos carrega de “sentido”.
Texto bíblico: Lc. 12,22-34
“Sentir que somos Terra faz-nos ter os pés no chão da vida e viver em comunhão com a comunidade das criaturas. Faz-se necessário lançar raízes no mais profundo do humano e despertar todas as energias criativas, todas as grandes motivações adormecidas, toda bondade aí presente, toda decisão de assumir-se como cooperador e artífice de um novo tempo.
Sentir-se Terra é perceber-se dentro de uma complexa comunidade de seres vivos. É a diversidade incontável de seres vivos, animais, pássaros e peixes, nossos companheiros dentro da unidade sagrada da vida. A Terra produz, para todos, condições de subsistência, de evolução e de alimentação, no solo, no subsolo e no ar. Terra, nossa “casa comum”!
Sentir-se Terra é mergulhar na comunidade terrenal, todos filhos e filhas da grande e gene-rosa Mãe. A hora é de somar em prol da vida e no cuidado de todos os seres da Terra.
É para Deus que tudo converge. É Ele que tudo sustenta. É Ele que, no Amor, tudo atrai.”
Pe. Adroaldo,SJ.

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