20 de junho de 2015

O mal existe?

A existência do mal foi um dos problemas filosóficos enfrentados por um dos mais importantes pensadores do cristianismo, Santo Agostinho. Agostinho abordou o tema dentro de uma lógica de premissas, para ele,  incontestáveis. As duas primeiras são: "Deus criou todas as coisas" e "Deus é plenamente bom". Diante dessas assertivas, como encaixar a existência do mal? Se Deus é plenamente bom, não poderia ter criado o mal. Se Deus criou todas as coisas, nem o homem nem ninguém poderia ter criado o mal. Então, o mal não existe?
O mal essencial, talvez, não exista. Na perspectiva agostiniana, o mal é a ausência do bem, é a ignorância diante do que nos faz felizes ou não, como queria outro pensador chamado Aristóteles. Ignorar a bondade nos faz pessoas perversas. Ignorar a beleza da verdade nos faz pessoas despreocupadas com o uso da mentira. Ignorar o respeito ao outro nos faz insensíveis. E assim por diante. Na prática, o mal existe. E é fruto da liberdade do homem em fazer o correto ou se deixar levar por algo que, aparentemente, lhe traga alguma vantagem. O corrupto pratica um mal porque pega o que não lhe pertence. Sua ação é danosa à sociedade. O mentiroso também pratica um mal porque espalha inverdades que visam destruir pessoas ou conceitos. O que trai, o que dá mau exemplo, o que desconstrói histórias de vida, igualmente, pratica o mal.
Imaginemos um jornalista comprometido com o erro, com a mentira, com a injustiça, quanto de estrago ele é capaz de fazer! Assim, também, um pai de família que opta pela violência e não pelo afeto. Ou um motorista que dirija embriagado. Ou um promotor de justiça movido pelo ódio e não pela defesa da sociedade. Na vida, encontraremos pessoas assim. Os bons e os que desconhecem a felicidade serena dos que acreditam no amor. Tenho repetido que nunca vi um perverso ser feliz. São pessoas atormentadas que fazem da vida um tormento para si e para os outros. Gosto de Santo Agostinho e me inspiro nele. Vale a pena ser bom!  
FONTE; Por: Gabriel Chalita (fonte: Diário de S. Paulo) | Data: 19/06/2015

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