10 de março de 2015

Carismáticos e Pentecostais!!! Dom Sergio Castriani

FONTE ;
http://www.arquidiocesedemanaus.org.br/artigo_ver/_Carismaticos_e_Pentecostais/ 


A morte do missionário Davi Miranda, fundador da Igreja Pentecostal Deus é Amor é certamente um acontecimento digno de nota e de reflexão. Sua Igreja congrega milhares de milhares de pessoas em todo o Brasil e em mais de uma centena de países. São homens e mulheres que encontraram um caminho de vida na experiência pentecostal. Para quem olha de fora ela se fundamenta na força da Palavra, na luta constante contra o demônio, no dom das línguas e na intervenção direta de Deus através de milagres. 
Surgida no ano sessenta e dois, a Igreja Deus é Amor se insere num grande movimento cristão que tendo raízes na Reforma se intensifica no início do século XX. Tem como característica a experiência pessoal e sem intermediários da ação do Espírito manifestada, sobretudo no batismo do Espírito Santo que tem como efeito principal o falar em línguas. Quem faz esta experiência se converte mudando hábitos, abandonando vícios, dando testemunho, pagando o dízimo. O pentecostalismo se propagou fazendo surgir inúmeras Congregações e Ministérios até chegarmos as grandes Igrejas neo-pentecostais. 
Na Igreja Católica o pentecostalismo existe como renovação carismática. Conservando a maior parte das características do movimento pentecostal, mantém a vivência sacramental e inclusive a intensifica de maneira especial na participação na Eucaristia e no sacramento da Reconciliação. Católicos carismáticos também manifestam grande respeito pela hierarquia embora muitas vezes entrem em conflito com a comunidade local. Mas o grande diferencial é o reconhecimento de Maria na História da Salvação e sua presença materna na vida dos seguidores de Jesus. 
Sem dúvida nenhuma o pentecostalismo e a renovação carismática marcam o cristianismo de nosso tempo. A História dirá até que ponto esta transformação é duradoura. O fato é que milhões de pessoas em todo o mundo tem encontrado sentido nesta forma de viver a vocação cristã. Como qualquer outra experiência humana está também tem suas ambiguidades, e entre as mais perigosas está a tentação de demonizar o outro. Por isso, mais que nunca é real o desafio ecumênico que supõem o reconhecimento da boa vontade de quem é diferente. Podemos fazer análises sociológicas, psicológicas, culturais e até econômicas do fenômeno pentecostal e carismático, mas creio que para quem tem fé e acredita num Deus que age na História, ouvindo e caminhando com a humanidade, fica a pergunta: O que o Espírito está dizendo às Igrejas? 
Sem esgotar o assunto diria que somos desafiados a acreditar mais na força da Palavra, a sermos mais coerentes em nossos comportamentos, hábitos e atitudes, a não colocar obstáculos desnecessários a ação do Espírito. Isto sem cair nas armadilhas da teologia da prosperidade, sem ceder ao fundamentalismo destruidor da alteridade, mantendo a comunhão e não inventando doutrinas. A fé é dom que nos veio através da história com a qual devo confrontar a minha experiência pessoal que nunca pode ser normativa. De coração espero que o missionário se encontre com o Deus que é Amor.


MATÉRIA DE D. SÉRGIO EDUARDO CASTRIANI - Arcebispo Metropolitano de Manaus 
JORNAL: AMAZONAS EM TEMPO
Data de Publicação: 01.03.2015

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