1 de julho de 2011

Deputados querem restringir propaganda de cerveja

Foto: Paulo Fernandes
Comissão Especial de Bebidas Alcoólicas da Câmara Federal realizou o primeiro seminário sobre o tema

Com o seminário "Consumo Abusivo de Álcool - causas e consequências", a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul deu o pontapé inicial, nesta quinta-feira (30/6), às conferências estaduais da Comissão Especial de Bebidas Alcoólicas, da Câmara dos Deputados.

Presidente da Comissão Especial, o deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS) explicou que o objetivo do seminário é o de combater o consumo excessivo das bebidas. A partir das conferências regionais será feito um relatório que, segundo ele, poderá resultar em projetos de lei para combater o consumo excessivo de álcool, restringindo, por exemplo, as propagandas exageradas de bebidas. "Tem iniciativa proibindo jogador de futebol de fazer propaganda de bebida, mas tudo isso vai ser discutido", afirmou.
"Estamos fazendo a discussão na Câmara dos Deputados e aqui inaugurando as discussões nas regiões. Vamos ouvir todos os estados para combater problemas como os que afetam a população indígena, resultando em suicídios, transtornos e violência", afirmou o congressista. No Brasil, é proibido vender bebida alcoólica aos índios, mas o alcoolismo continua uma realidade em aldeias de Mato Grosso do Sul.
A intenção da comissão é de evitar casos como o de Dorgival Rodrigues, que é um dos 4.000 participantes das reuniões do AA (Alcoólicos Anônimos). Há oito anos, ele percebeu que estava sofrendo com o consumo de álcool. "Eu notei que tinha um problema quando fui buscar o meu filho na escola, às 17h, e parei para conversar com um amigo. Ele estava tomando cerveja e eu resolvi beber com ele. Só lembrei de ir buscar meu filho às 19h. Ele tinha 5 anos", afirmou.
Dorgival conta que são corriqueiros casos muito mais graves, como de alcoólatras que matam pessoas atropeladas ou agridem a mulher e os filhos. "O primeiro ano de tratamento é o mais difícil", diz.
Representando os Alcoólicos Anônimos, Dorgival explicou que o alcoolismo é uma doença sem cura, de tratamento permanente. "O lema é evitar o primeiro gole. O que embriaga o alcoólatra não é a quantidade, é a primeira dose. Ela muda o comportamento", informou.
Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, o deputado Lauro Davi (PSB) avaliou que "o debate ajuda para que possa surgir algum controle e diminuição do consumo de álcool". "Esse tema é de extrema importância por causa de vários acidentes relacionados ao uso de álcool. É uma questão de saúde pública", frisou.
Na avaliação da deputada Mara Caseiro (PTdoB), é preciso prevenir e dar alternativas de tratamento. "Estamos assistindo um aumento enorme de casos de alcoolismo, principalmente entre os jovens", argumentou.
Segundo a secretária de Estado de Saúde, Beatriz Dobashi, o principal problema causado pelo alcoolismo é a cirrose, além dos transtornos mentais e o trauma. "O uso do álcool e das outras drogas são geradores de violência", salientou.
Beatriz Dobashi defende um aumento na quantidade de Caps (Centros de Atenção Psicossocial) em Mato Grosso do Sul para tratar as pessoas que vivem o drama do alcoolismo. "Vinte e um municípios não tem nenhum tipo de atendimento, queremos que os municípios montem mais Caps", ressaltou.
Também participaram da audiência pública o voluntário da Fazenda da Esperança, Fábio Augusto Moron de Andrade; o coordenador da Secretaria de Saúde Indígena, Zelik Trajber; os deputados federais Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS); Pastor Eurico (PSB-PE); Vanderlei Macris (PSDB-SP, relator da comissão); e João Ananias (PCdoB-CE); e a gerente do Caps Maria Beatriz Almeidinha.

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