15 de fevereiro de 2011

Álcool, o que mais mata

Editoria
Álcool, o que mais mata

Da Editoria

Apesar de ser presença constante na mídia, não é a violência a maior causa de mortes em todo o mundo. Tampouco doenças como a Aids e tuberculose, ainda de difícil controle e erradicação, principalmente em países mais pobres. É o álcool, que causa quase 4% das mortes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Este percentual abrange cerca de 2,5 milhões de pessoas que morrem anualmente por causas relacionadas à bebida alcóolica, especialmente fatal nas faixas etárias mais jovens e principal fator de risco entre homens de 15 a 59 anos.

Seja a pinga mais barata ou o uísque mais caro, fato é que o aumento da renda tem provocado o consumo excessivo de álcool, no Brasil ou em países populosos da África e Ásia, conforme indica levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU). As consequências incluem acidentes fatais, a violência, abandono familiar, ausência no trabalho e doenças. Estas, vale lembrar, custam caro ao poder público, algo em torno de R$ 8,5 bilhões ao ano conforme pesquisa de doutorado de Andréa Gallassi, da Universidade de Brasília (UnB). Também neste levantamento os homens são 79,67% da população afetada. A faixa etária mais acometida por problemas é dos 40 a 49 anos. No Brasil o percentual de consumidores de álcool é de 12,3%. Já o uso de cocaína no país fica em torno de 1%.

O estudo não contabiliza os gastos dos cofres públicos provenientes de acidentes de trânsito e de trabalho, também relacionados ao alcoolismo, mas apenas ao total de internações, atendimentos ambulatoriais e registros de mortalidade causados por doenças que são resultado direto do abuso de álcool como problemas no coração, estômago, fígado e pâncreas. Caso estes gastos fossem adicionados, o valor seria ainda mais exorbitante. Não que este já não o seja. Afinal, R$ 8 bilhões poderiam ser direcionados a tantos outros projetos, seja de saúde, educação, qualificação profissional e geração de emprego que trouxessem benefícios ao coletivo.

Mas tanto lá como cá o que se vê é que a bebedeira e seus comportamentos de risco estão aumentando de maneira preocupante. E independente do grau de riqueza ou desenvolvimento do país, mais que o acesso à bebida, um dos grandes "culpados" é a falta de políticas de controle do álcool, que são fracas e não são prioridade para a maioria dos governos, mesmo com seus impactos negativos.

Em sentido contrário ao cigarro, que vem sendo cada vez mais banido da sociedade com leis, proibições, multas e afins, a bebida alcóolica tem na publicidade a sua grande vitrine. Nas propagandas é sinônimo de beleza, felicidade, alto astral e alegria. Ainda tímidas, as campanhas oficiais que têm a chancela de órgãos do governo lembram os malefícios do excesso de álcool. Mas isso não parece ser suficiente. É preciso encontrar e colocar em prática medidas efetivas que inibam este aumento no uso da bebida por meio de impostos e restrições mais rígidas de comercialização. Pelo menos é no que concordaram ministros da Saúde de 193 países-membros da OMS em encontro em maio do ano passado. Resta saber se, como e quando propostas como estas enfim sairão do papel.


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