Dia 25 de novembro é o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue. A data foi criada em 1964 para reconhecer a doação voluntária de sangue como um ato de solidariedade humana. Todos sabem da importância dessa ação, mas nunca é demais lembrar e falar sobre o assunto.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o número de doadores de sangue de um país seja de 3% a 5% do total da população. No Brasil, cerca de 2% apenas é doador de sangue. Um levantamento divulgado pela Fundação Pró-Sangue, no ano passado, aponta que, entre os doadores do Estado de São Paulo, as doações caem conforme a idade aumenta. Verificou-se que a maior parte dos doadores está na faixa etária de 18 a 29 anos, representados por 37% do total. A essa faixa segue o grupo de pessoas que têm de 30 a 39 anos (31%). Em seguida vêm as pessoas entre 40 e 49 anos (21%) e aqueles que estão entre 50 e 59 anos (9%). Os últimos 2% são representados pelas pessoas da terceira idade.
Há mais de cem anos que os cientistas tentam criar um substituto para o sangue, mas - infelizmente – esse substituto ainda não foi encontrado. As transfusões dependem - e muito - da solidariedade de outras pessoas; único modo de se obter esse líquido tão precioso. A ironia é que à medida em que a medicina avança e melhora seus procedimentos, mais sangue é necessário e mais sangue escasseia. Imagine quantos acidentes, quantas intervenções cirúrgicas e quantos tratamentos ocorrem a todo momento, e cujo uso de estoques é imprescindível. Por exemplo, alguns tratamentos de câncer destroem a medula óssea (que fabrica as células sanguíneas). Para a recuperação do paciente, são necessárias dez unidades de sangue diárias durante vinte dias. Estimativas mostram que o mundo todo precisa de 7,5 milhões de litros de sangue a mais por ano.
História da transfusão de sangue
Desde os tempos mais remotos acreditava-se que era ele quem dava e sustentava a vida. Presente em rituais e lendas, o sangue sempre teve uma carga simbólica muito forte ao longo da história da humanidade. Exemplos da sua importância no imaginário religioso e popular são a passagem bíblica da Santa Ceia, em que Cristo compara o vinho ao seu próprio sangue; além das histórias de vampiros, que hoje são figuras bastante presentes na literatura e no cinema (inclusive, hoje em dia, quase uma coqueluche entre os adolescentes por causa dos livros e filmes da saga Crepúsculo).
A primeira tentativa de se fazer uma transfusão que se tem notícia foi em 1492, quando - para salvar o idoso e muito doente Papa Inocêncio VIII (1432-1492) - o médico selecionou três jovens sadios, cujo sangue foi retirado e dado ao Papa para que ele o ingerisse. Não deu nada certo: os meninos e o Papa morreram e o médico teve de fugir da cidade. Ao longo dos séculos, muitas experiências de transfusões foram realizadas utilizando-se animais e humanos. Umas eram bem-sucedidas e outras não; o que acabou acarretando - em alguns lugares - a proibição das experiências. A primeira transfusão bem-sucedida de um humano para outro humano ocorreu em 1818 e foi feita pelo obstetra britânico James Blundell. Neste caso, uma mulher, que sofreu uma hemorragia durante o parto, recebeu o sangue do marido.
Só em 1900, que se descobriu que havia tipos de sangue diferentes (A, B, AB e O) e com certas compatibilidades entre si. O autor da façanha foi o patologista austríaco Karl Landsteiner que, mais tarde - em 1930 - receberia o prêmio Nobel. Aí, então, é que conseguiu-se compreender porque certas transfusões davam certo e outras não.
Perguntas e respostas sobre o sangue e a doação
De que é feito o sangue?
Basicamente, o sangue é composto de plasma e células.
O plasma é a parte líquida do sangue (55% do seu total), onde os demais componentes flutuam e são conduzidos através do corpo. Nele estão dissolvidos eletrólitos (sódio, potássio, bicarbonato, cálcio, magnésio), nutrientes, glicose, colesterol, vitaminas, hormônios e proteínas. Estas últimas apresentam funções diversas: algumas são coagulantes (como o fibrinogênio); outras “organizam” a circulação, ajudando a transportar substâncias (neste caso é a albumina) e outras fazem parte do sistemas imunológico (imunoglobina).
Em relação às células, existem:
- As vermelhas (hemácias, eritrócitos ou glóbulos vermelhos) que são as mais abundantes e que dão a cor vermelha. Para se ter uma ideia, existem 5 a 6 milhões deles em uma gota de 1 milímetro cúbico de sangue. Sua função principal é transportar oxigênio dos pulmões até as outras células do corpo, com a ajuda da proteína hemoglobina.
- As brancas (leucócitos ou glóbulos brancos) fazem parte do sistema imunológico e ajudam nosso corpo a se defender de infecções. Há cerca de 5 mil a 10 mil em uma única gota de sangue.
Quanto sangue existe em nosso corpo?
O sangue percorre todo o nosso corpo e constitui de 7% a 8% de nosso peso. O corpo de um adulto possui aproximadamente 5 litros de sangue.
Quais são os tipos e no que eles se diferem?
Há 4 tipos ou grupos sanguíneos - A, B, AB e O - e essa diferenciação ocorre devido à presença ou ausência de determinadas substâncias (aglutinogênios e aglutininas) no sangue. Aglutigênios são antígenos (substâncias que induzem a produção de anticorpos) encontrados nas superfícies das células vermelhas do sangue (hemácias) e determinam o tipo sanguíneo. Aglutininas são proteínas encontradas no plasma sanguíneo e são anticorpos que reagem contra os aglutigênios.
Assim, os indivíduos pertencentes ao grupo AB possuem aglutinogênios A e aglutinogênios B, mas são desprovidos de quaisquer aglutininas; os indivíduos portadores de sangue tipo A possuem aglutinogênios A e aglutininas anti-B; os pertencentes ao grupo B possuem aglutinogênios e aglutininas anti-A; os indivíduos do grupo O, finalmente, possuem aglutininas anti-A e aglutininas anti-B, sendo, portanto, destituídos de quaisquer aglutinogênios.
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